UM MÉDICO MILITAR EMERGENCISTA NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

"Um médico, no aprendizado da missão humanitária da medicina, melhores condições de vida, igualdade social e progresso democrático, com a riqueza para todos, fez da profissão milenar um ensinamento para um modelo de administrar um Estado e uma jovem Nação camada Brasil." DF

O  Médico

O emergencista e cirurgião Dr Juscelino.

Juscelino Kubitschek de Oliveira torna-se médico com 25 anos de idade. De família humilde, perde seu pai João César com 3 anos de idade, sua mãe, Dona Júlia, então professora, educa seu filho que já demonstrava um potencial de superação, humanismo, delicadeza, educação e vontade de se tornar um médico. Sua mãe, vende única jóia de família, envia seu filho para Belo Horizonte que assume o cargo público de telegrafista e ingressa no ano de 1922 na Universidade de Minas Gerais. Forma-se médico em 1927, no baile de formatura a sua mãe dona Júlia conhece Sarah Gomes de Lemos, filha de um ex senador. Mas tarde em 1931 casa-se  agora com a senhora Sarah Kubistech. Nos anos de 1927 a 1931 JK exerce a medicina no consultório do seu cunhado Dr Júlio Soares,  Professor Assistente da UFMG e em 1928 como médico cirurgião da 3a Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. . Em 1930 viaja para europa e especializa-se em urologia na equipe do Prof Maurice Chevassu. frequenta universidades e hospitais de Viena, França e Alemanha. Ao retornar volta a exercer a medicina de forma gratuita na Santa Casa e torna-se médico da Caixa Beneficente da Imprensa Oficial de MG. Juscelino adorava sua profissão e estava muito distante da política.

 

O Militar: um passo que define a sua vida política

O Capitão Dr Kubitschek

Em 1932 o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais e Secretário do Interior, Gustavo Capanema, convida o jovem médico para ingressar como médico da Força Pública de Minas Gerais. No mesmo ano, eclode a revolução Constitucionalista de 1932. O conflito durou 4 meses e o dr Juscelino atuou no front de batalha, onde paulistas e mineiros travavam sérios combates no túnel da mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, na cidade de Passo Quatro. Relatos oficiais registraram a bravura, coragem e humanidade do jovem militar que prestava auxílio exemplar aos feridos brasileiros, tanto mineiros como paulistas. No front conheceu e fez amizade com o coronel Eurico Gaspar Dutra que viria a ser o Ministro da guerra e Presidente da República. Conheceu também o jovem delegado Benedito Valadares que seria nomeado interventor ( governador ) do Estado de Minas Gerais por Getúlio Vargas.

O Início da Vida Política

Dona Sarah e Dr Juscelino

Após o término da Revolução de 1932, Juscelino é convidado pelo governador amigo, Benedito Valadares a assumir a Secretaria de Estado da Saúde no ano de 1933. Segundo relatos, foi uma decisão muito difícil para Juscelino que percebia que ao assumir a pasta, sua carreira médica estaria se distanciando, teria que abrir mão do seu trabalho, da sua profissão, dos seus pacientes e dos seus ideais. Ao aceitar o convite, sem perceber, Dr Juscelino iniciava um vida política que, segundo sua filha Maria Estela, jamais pensou em chegar a Presidência da República, fato corrido em função da boa oratória, caráter humanitário e democrático, além de reconciliador. Em família, diariamente expunha aos membros seus problemas, divergências e perspectivas: "Em casa, manda a Sarah". Dona Sarah não gostava do rumo político do marido, já que tinha na medicina uma  profissão humanitária, plena e que orgulhava-se. Apoiou o marido, mas deixando sempre a sua opinião que a Medicina não deve ser abandonada por nenhum propósito. Em 1934, conhecido por ajudar a quem lhe procurasse, tornou-se popular e querido e, o Partido Progressista (PP), elege-se Deputado Federal com a maior votação partidária.

O Político Volta a Medicina

Com Dona Sarah e suas filhas Márcia e Maria Estela

Eleito Deputado Federal, toma posse em 1935, dois anos depois em 1937 implanta-se no Brasil o Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas que cassa os poderes políticos e fecha o Congresso Nacional. Juscelino apenas dois anos no poder, sai da política e volta para Medicina, porém promete ser decisão definitiva, ou seja, jamais abandonaria sua profissão de médico em virtude da política. Contrário a ditadura de Vargas, recebeu com surpresa, em 1940,  novamente pelo Governador de Minas Valadares, amigo de Vargas, o convite para ser o prefeito de Belo Horizonte. Aceitou, porém com a concordância que haveria eleições em curto espaço de tempo.

O Médico Volta a Política

 

Em 16 de abril de 1940, JK ingressa definitivamente para política, assume a prefeitura de Belo Horizonte porém não abandona a Medicina, clinicando ao mesmo tempo que exercia o cargo de prefeito. Mas em 1945 estaria selado seu destino: assumiria o cargo de 1o. Secretrário do Partido Social Democrata (PSD). Sua visão política já estava exposta: Efetuar obras públicas e embelezar a cidade, incentivar a cultura e assistir as classes proletárias. Como prefeito efetuou a integração da periferia com o centro. Criou rede de esgoto e abastecimento, além de uma rede social de ajuda humanitária, pilares que aprendeu no Curso Médico. Criou um Hospital de 306 leitos, moderno e vários convênios de assistência Médica gratuita, além de rede de restaurante para alimentação da classe pobre. Sua administração social o elegeu novamente deputado federal em 1945 e em 3 de outubro de 1950 como governador do Estado; seu nome já fazia parte do cenário político nacional.

Um Médico Governador

Em 31 de janeiro de 1951 JK toma posse como governador de Minas Gerais. Conhecendo seu Estado, sabia que estava defasado em relação a estrutura. Sem estradas ou indústrias, acreditava no desenvolvimento como fator de melhoria social, experiência que vivenciou na Europa. Estabeleceu o binômio: "Energia e Transporte". Conta como uma dívida do Estado, um déficit de 300% de energia e com necessidade de criar 3 mil Km de estrada. Criou 120 Postos de Saúde, ampliou de 680 mil vagas no ensino primário para 1 milhão e cem mil vagas, bibliotecas, 130 Escolas e duas Faculdades de Medicina. Seu lema pessoal: "Trabalho e Responsabilidade para com o Povo que lhe havia confiado".

Um Médico Presidente

Foto Oficial do Presidente JK

1954 Getúlio Vargas suicida-se, seu vice Café Filho torna-se Presidente. Em 10 de fevereiro de 1955 a UDN lança oficialmente JK como candidato a Presidente com o lema "50 anos em 5" ( fariam em 5 anos o que não foi realizado em 50 anos no país ), teve com seu vice João Goulart do PTB. A UDN é contra sua candidatura, mas apesar da forte oposição em 3 de outubro de 1955 JK elege-se o 20o. Presidente do País. Juscelino não seria Presidente se não fosse a ação pessoal do general de Exército Lott que garantiu sua posse em 31 de janeiro de 1956. Graças a ação dos militares, JK pode governar com estabilidade. Em seu plano de metas estabeleceu a política desenvolvimentista. Não aceitou interferência em seu governo Social e Pogressista, rompe com o FMI em 1959. Deixa a presidência em 31 de janeiro de 1961 para seu sucessor João Goulart e toma posse no Senado Federal.  Convidado a assumir a presidência do PSD, não aceita. Viaja pelo mundo para conhecer a realidade internacional. Voltaria a presidência em 1965 " Educação e Agricultura: 5 anos de agricultura par 50 de fartura" . Em 1962 assume a coordenação da Aliança para o Progresso da América Latina na OEA-ONU. Em 8 de junho de 1964 seus direitos políticos foram suspensos por 10 anos. Em 14 de junho de 1964 partiu voluntariamente para o exílio. Em 1965 retorna, porém sofre sérias agressões morais, retorna ao exílio e retorna definitivamente para o Brasil em 9 de abril 1967.

Um Médico Entra para História

Senador e criador de Brasília - A nova Capital Federal

Visita Brasília escondido, numa noite chuvosa, vê a sua criação. Com tristeza e lágrimas sente a melancolia e solidão que a trajetória do poder e da política trazem. Publica em 1974 "Meu Caminho para Brasília". Em sua fazenda no interior de Goiás reflete as conquistas e amarguras do poder. Em 1975 a Academia Brasileira de Letras nega em forma de eleição sua cadeira permanente. Em 22 de agosto de 1976 seu veículo choca-se como uma carreta no Km 165 da Via Dutra. JK entra para história do Brasil como um médico de vida simples, com uma infância sem pai, exímio profissional médico educador e humanista, transforma o país, coloca no cenário internacional, e considerado por historiadores como o mais importante presidente que o país já teve. Um modelo buscado por todos presidentes democráticos. Um médico, no aprendizado da missão humanitária da medicina, melhores condições de vida, igualdade social e progresso democrático, com a riqueza para todos, fez da profissão milenar um ensinamento para um modelo de administrar um Estado e uma  jovem Nação camada Brasil.

A importância da Medicina na sua vida política

Roupa da sua Posse

"Os destinos das pessoas estão muito definidos. Ninguém vai dizer que ele não era um político nato. Ninguém foi mais político do que ele. Mas acredito que a vocação, o temperamento e a profissão o ajudaram. A medicina, pela qual ele tinha paixão, era uma profissão que tem muito a ver com a política que ele praticava, que era a da compreensão, da necessidade do povo, de ter mais saúde e condições melhores de vida. Quando ele se tornou político, a visão que tinha era muito mais do ponto de vista do médico. É lógico que ele entrou na política pelo conhecimento, durante a Revolução [Constitucionalista de 1932], do Benedito Valadares, que mais tarde foi o interventor de Minas – a convite do Getúlio [Vargas (PTB), presidente de 1934 a 1945 e de 1951 a 1954] – e que, depois, o convidou para trabalhar com ele. Não sei se teria ido sozinho procurar a política ... E a mamãe era apaixonada pela profissão de médico do marido ... Ela fez da política a vida dela, dedicando-a ao papai. Foi uma excelente mulher de político, uma companheira fantástica. Até me dizia que tinha casado com um médico, que era a profissão que ela gostava e, de repente, ela tinha um marido político. Mas ela não negou [apoio] a ele. O grande político que papai foi, ele deve muito à minha mãe.  ( Maria Estela Kubitschek - Filha de JK ).

Texto em homenagem da SOBRATI pelos 50 anos da criação de Brasília ( 21 de abril de 1960 ). Fonte de \pesquisa : Memorial JK.