NEONATOLOGIA: UMA CHANCE PARA A VIDA

 

Toda edição da Revista Intensiva tenho a honra de escrever um pequeno trecho da história da UTI e da emergência. Deparo-me com verdadeiros heróis que dedicaram suas vidas a ciência e a pesquisa em favor da vida, da saúde plena e do bem estar do ser humano. Mãos doces como de Florence Hightingale, espírito inconformado como de Joseph Dwer ao ver crianças morrendo à sua frente com o mal da difteria e que, graças a sua persistência, temos a ventilação mecânica assistida invasiva. Mas a ciência é antes de tudo uma arte e, nesta edição, pude perceber ainda mais a dimensão da vida. A humanidade sofre, porém sofreu muito até os anos de 1900. Manter um paciente  adulto greve vivo, era uma verdadeira epopéia. Crianças, jovens e idosos tinham poucas chances quando acometidas por graves infecções, doenças respiratórias ou acidentes importantes.  Mas o século XX chegou, os anos de 1900 ficarão para história da medicina como os anos dourados da ciência, da compreensão das fisiopatologias, das terapêuticas avançadas, como a da criação das UTIs, dos antibióticos, do respirador e da cardiologia invasiva. Sem dúvida, o século da ciência, da reflexão, ou de uma ponte para um destino brilhante da humanidade em prol da vida que a ciência da saúde proporciona.Tive a experiência de fazer um curso médico com poucas alternativas diagnósticas de imagem, pois a tecnologia ainda não chegava, não havia o mundo globalizado. Simples luvas descartáveis escassas eram lavadas, secadas em varais improvisados  e reaproveitadas. Vi, em 1983, enfermarias inteiras de pacientes hematológicos fazerem testes sorológicos para a recém doença provocada por um vírus desconhecido designado de HIV. Conversei com médicos incrédulos, não acreditando na pesquisa e deduzindo ser um grande erro e exagero da ciência o quadro sombrio declarado, alguns até acreditando que não existia tal vírus. Todavia a ciência está aí, é presente, Dr. Forrest BIRD, o inventor do BIRD Mark-7 , é vivo, assim como Dra Avery, preconizadora do Surfactante, Dr.Graham Teasdale, idealizador da escala de glasgow com Bryan Jennett. Vivos, são testemunha e autores desta brilhante tragetória científica do século XX. Nesta edição, faço um tributo à todos profissionais que dedicaram e dedicam suas vidas às crianças brasileiras, bem como de todo o mundo. A neonatologia representa a consciência humana que uma vida já é vida no momento da sua concepção, ou seja, da fecundação. O mundo demorou quase 2000 anos para perceber que neonatos são seres vivos, humanos, que permanecem num estágio inicial, pouco desenvolvido, guardando uma chance para amar e ser amado.

 

‘’ A neonatologia é uma ato sublime a favor da vida ‘’ (DF)